Leitura, Interpretação e Expressividade

Olá pessoal, tudo bem?

Hoje venho falar sobre 3 temas super importantes para a dança: Leitura, Interpretação e Expressividade.

O que me motivou a escrever esse post foi esse vídeo:

A bailarina usou todos os elementos do título do post: leitura musical impecável de todas as notas e nuances da música, interpretação, e claro, expressividade em cada movimento. Dá para sentir a música no corpo da bailarina, um surdo poderia ouvir a melodia através dos movimentos dela.

Para entendermos melhor, vou explicar cada ponto.

  • Leitura Musical

Consiste em compreender a música através de suas frases, identificando assim: ritmo, tempo, melodia, nuances (crescendo e diminuendo) e instrumentos (solo, acompanhamento e base). A música árabe ela é mais rica em sonoridade do que a música ocidental, pois as escalas utilizadas em cada uma são diferentes, além dos instrumentos melódicos não serem temperados eles alcançam os harmônicos de cada nota, com também é comumente utilizada a escala harmônica. Então, só depois de feita a leitura da música mentalmente, podemos começar a desenvolver os movimentos em cima dela.

Obviamente, dançar com música ao vivo é um pouco mais complicado, pois mesmo quando a música é familiar aos nossos ouvidos, o músico sempre faz alguma mudança na melodia (e acreditem, nunca vão simplificar), então nessa hora é manter a calma e prestar o máximo de atenção possível ao que o músico  está tocando.

  • Interpretação

A interpretação pode abranger uma gama enorme de fatores, como por exemplo a compreensão da letra da música. Saber o que a música está dizendo é fundamental para que você tenha mais elementos para interpretá-la, afinal, não basta apenas fazer a leitura melódica da voz do cantor, mas também interpretar através de gestos o que ele está dizendo pode ajudar um público leigo a entender a ideia de sua dança ou coreografia.

Outra maneira de interpretar a música, é entender as mudanças de humor da música, em um momento ela fica mais alegre, em outro mais melancólico, mais apaixonado, introspectivo, forte, devoto, etc., principalmente a música instrumental. Eu costumo falar que a música se comunica com a gente, é como se fosse uma poesia, mas ao invés de palavras, o compositor utiliza-se de sons para compor os seus versos.

  • Expressão

Tocando um pouco nos tópicos acima, de que adianta saber ler a música e interpretar seus humores se não há a capacidade de expressar? Aí entra a pergunta: “Interpretação e Expressão podem significar a mesma coisa?” Não.

Nós podemos interpretar uma música acompanhando o humor dela utilizando-se apenas da leitura musical e colocando a nossa visão daquilo naquilo que estamos dançando, mas é onde entra a expressividade da bailarina, aquele “je ne sais que” que faz com que a gente não tire os olhos dela, que faz a gente se emocionar, se arrepiar e muitas vezes até chorar.

Expressar a música significa sentir aquilo que ela diz através de seus sons, traduzir através de gestos e movimentos cada sentimento ou pensamento que envolve o humor da melodia.

Em resumo, o que mais vejo hoje em apresentações de dança é uma exibição de técnica sem fim, você vê leitura musical impecável, interpretação, mas quando olha pro rosto da bailaria… é um sorriso de anúncio de pasta de dente colado na cara o tempo todo, cara de parede ou aquele carão de “eu sei que eu estou maravilhosa, perfeita, por que eu fiz aula com fulana, beltrana e cicrana”. A dança fica sem paixão, sem sentimento, é só exibição técnica. De que adianta dizer que ama a dança, que é movida por música, se chega na hora de se comunicar com a melodia, não faz nada disso? A dança sem expressão fica incompleta.

Quando for estudar, procure identificar o humor da melodia e como você se sentiria dentro daquele estado de espírito. Sinta e viva a música, é isso que vai fazer com que você consiga unir esses 3 pontos com harmonia.

Deixo aqui alguns vídeos de bailarinas com leitura, interpretação e expressividade impecáveis.

Jade el Jabel

Nem tem muito o que falar da Jade, só que ela é uma bailarina 8 ou 80, tem gente que ama, tem gente que detesta, mas uma coisa é fato, ela pode tudo! Fala árabe fluentemente, já morou no Egito, ministra workshops em todo Brasil. É sem dúvida alguma uma das melhores bailarinas brasileiras da 1º geração da Dança do Ventre em nosso país.

Ju Marconato

Professora e bailarina Noites no Harém da Casa de Chá Khan el Khalili, tem uma expressão tão apaixonante quando dança que é praticamente impossível tirar os olhos dela um segundo. O vídeo não demonstra tanto toda a expressão que ela transmite ao vivo, mas quem puder um dia vê-la dançando de pertinho, com certeza vai se encantar.

 Chrystal Kasbah

Nesse vídeo ela representa o sentimento “Angústia”, foi uma das melhores apresentações que já assisti ao vivo, é de perder o fôlego. Ela consegue transmitir tão bem esse sentimento que quase conseguimos ficar angustiados junto com ela, rs. A Chrystal é professora e bailarina da Casa de Chá Khan El Khalili.

Espero que tenham gostado do tema.

Beijos!!!!

Até o próximo post!

Deixe um comentário

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Acima ↑